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sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Histórias que o povo conta


Eu era ainda muito pequeno e ouvi minha avó materna contar o seguinte caso

A Desgraça
Morava ali prás bandas do "Coigo Grande" um baiano que vivia o tempo todo xingando "desgraça", a mulher dele que era muito devota de Nossa Senhora, estava sempre rezando pelo xingador e todas as vezes que ela ouvia ele xingando o nome de rachar aroeira, ela falava prá ele parar com aquela maldição, porque aquilo ainda ia sair muito caro prá ele.
Um dia seu patrão que tolerava mais aquela xingação em sua fazenda pediu que o baiano e sua família se mudasse. Foi muito difícil achar uma nova acomodação, porque ninguém queria saber do baiano xingador em suas terras, mais um bom mineiro que tinha umas terras lá pros lado do Poso Alto acomodou o pagão.
No dia da mudança encheu o carro de boi e saiu de madrugada, porque era muito longe o lugar da nova morada. E logo na saída caiu um saco de feijão e ele gritou "disgraça"! Sua mulher rezou uma ave maria, pouco tempo depois a roda do carro quebrou, "disgraça", gritou ele, um pouco mais tarde a canga soltou..."disgraça""..., daí a pouco o menino mais novo chorou, ele berrou "disgraça"...
Ao passar por um rego d'agua caiu um rolo de fumo e ele xingou de novo e naquele momento aparecfeu uma mulher horrível e perguntou para o infeliz:
-Por que você me chama tanto?
Eu tenho que ficar o tempo todo te acompanhado e o capeta meu marido já preparou um tacho com azeite fervente, onde você ficará cozinhando por toda eternidade. Você só não foi prá lá ainda porque toda vez que você chama a sua mulher reza para aquela mulher de Nazaré, mãe do crucificado que a capetada nem tem coragem de falar o nome. O inferno treme só de ouvir o nome da virgem e por isso eu te peço esqueça de mim, deixa eu e meu marido fazer maldades em paz até sua mulher ir pro céu e aí eu poço levar você para torar para sempre no óleo fervente.
O baiano pediu perdão a Deus e nunca mais xingou aquele nome maldito
Dionizio Coêlho

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