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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Cavalhadas em Sao Francisco de Goias





Como folguedo popular, a Cavalhada é um torneio eqüestre, de procedência ibérica que chega a se reportar às históricas lutas entre mouros e cristãos.

A cavalhada é uma tradição dos torneios da Idade Média, onde os aristocratas exibiam em espetáculos públicos, sua destreza e valentia. Na verdade, cavalhada representa a luta entre mouros e cristãos. São doze cavaleiros mouros e doze cavaleiros cristãos. No final da longa batalha, vencem os cristãos que ainda conseguem converter os mouros ao cristianismo. Trata-se de uma tradição praticada em várias regiões do Brasil, porém com diferenças marcantes de uma região para outra.

Os moradores vestem roupas típicas, muito coloridas, lembrando os reis mouros e cristãos. Nas vestes dos mouros predomina a cor vermelha e, nos cristãos a cor azul. A mais luxuosa roupa pertence ao rei cristão. O rei cristão e seu embaixador usam de duas e três pontas. O rei mouro usa um capacete dourado do tipo romano. Eles são os líderes das cavalhadas, encenação que lembra, como já dissemos, a guerra entre mouros e cristãos na Europa medieval.

As cavalhadas duram três dias. São três dias de luta, combate entre mouros e cristãos. Durante três tardes, as “tropas” de cristãos e mouros representam, com seus desafios e carreiras, as lutas travadas entre Carlos Magno e os Sarracenos, que terminam no final da segunda tarde com a rendição, ou seja, a conversão e batismo dos mouros.

Após a vitória dos cristãos, os mouros são batizados por um padre. Em seguida dá-se a comemoração. A principal atração é a retirada das argolinhas que estão suspensas no ar, geralmente dependuradas num varão, num poste. Para retirá-las o cavaleiro tem que demonstrar destreza e habilidade sobre o animal. Cada argolinha apanhada é oferecida a uma personalidade ilustre que se acha presente naquele local.

Em São Francisco de Goiás, as Cavalhadas, representação das lutas travadas entre os Cristãos e os Mouros (seguidores de Maomé), são realizadas juntamente com os festejos da Festa do Divino Espírito Santo e Nossa Senhora do Rosário. Os festejos em louvor ao Divino Espírito Santo existem em praticamente todos os municípios goianos do ciclo do ouro (Sec. XVIII) e se destacam sobre todos os demais pela conservação de seus traços que são mantidos desde a sua origem até os dias de hoje de forma quase intacta.

Esta festa se caracteriza alem de seus aspectos religiosos, também pela sua forma de ser, pois em todas as cidades onde ainda existe, se realizam os sorteios que definem todos os cargos da festa seguinte, sorteando desde a posição máxima que é o Imperador do Divino e o Rei e a Rainha de Nossa Senhora do Rosário, que são os festeiros e os demais encarregados, denominados Mordomos, que auxiliam na realização da festa. Em São Francisco, desde 1995 não ocorrem mais estes sorteios, e o festeiro sempre fica a cargo do pároco local, Padre Peter Lechermann.

Em São Francisco estes festejos existem desde meados do século passado, não se sabendo com exatidão, quando se realizaram pela primeira vez, sabe-se entretanto, que a coroa e o cetro em prata de lei do Divino foram confeccionados em Pirenópolis com prata doada pela população franciscana e as duas coroas de Nossa Senhora do Rosário, foram feitas na década de 30, sendo as mesmas doadas pelo Sr. João Alves de Carvalho.
As encenações das batalhas entre mouros e cristãos são realizadas em dois (sábado e domingo), onde também são celebrados pela Igreja Católica os festejos do Divino Espírito Santo e Nossa Senhora do Rosário, no município.

Nas Cavalhadas de São Francisco, assim como as outras representadas no Estado de Goiás, existem também outras manifestações folclóricas e culturais, como a Folia do Divino, Danças Típicas e destacando-se os mascarados, que tem a função de alegrar a festa, sempre no intervalo das apresentações da Cavalhadas, assim como se dispersam pela cidade, contagiando a todos com muita alegria e irreverência, pois a cada ano que se passa, são renovados e multiplicados os adeptos a esse folclore.

Também na corrida das Cavalhadas eles representam o espião mouro que é descoberto pelos cristãos, no início das batalhas. Divertem bastante também na retirada das argolinhas no último dia de apresentações.

Histórico das Cavalhadas
(Clique aqui e confira o histórico)

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